domingo, 29 de abril de 2018

11. A outra face

Recipiente, Leo de Carvalho





Estive, olhar fixo
na janela, observando
o escorrer de tudo

Os rumos que me trouxeram
até esse movimento constante
que interpela a paisagem
em trânsito
e busca no passado
o rosto que se perdeu

domingo, 15 de abril de 2018

10. Constelar

De dentro, Leo de Carvalho





Estive, olhar fixo
na janela, observando
o escorrer de tudo

Os rumos que
me trouxeram
até esse movimento
constante
que interpela a paisagem
em trânsito
e busca no passado o rosto que se perdeu

Vê a constelação?
Ela é a chave que te liberta
do labirinto,
quem sabe encontre lá encima
a face perdida
ou uma nova saída
para este corpo
que vivo escreve vivo
e pede por um novo despertar
com outras vírgulas e novas interrogações


domingo, 8 de abril de 2018

9. Margear

Guardado, Leo de Carvalho




Começa pelas bordas
e vai além
no expandir da onda
que em timidez faz a travessia.

[Mesmo inseguro,
segue firme.
A outra margem te espera]


domingo, 1 de abril de 2018

8. Clareira

Pôr do sol, Leo de Carvalho




Todas as respostas
não há
Há o cair da montanha
no abismo do não saber
na angústia do desconcerto
no deserto da incerteza
Mas com a queda
há o júbilo fugaz do voo
que abre caminho pela clareira da memória
pelas areias dos teus sonhos largos à frente
convertendo passos simples
em luta restaurada.



domingo, 25 de março de 2018

7. De onde partir

Primeiro você, Leo de Carvalho




Lembre-se de todo o peso
que um dia acordou seus olhos
e siga a estrada.

Ela segue sinuosa, sem desfazer a constância
do seu movimento.
Lembre-se que uma lâmpada não ilumina o caminho inteiro
Mas indica uma direção
E prepara a partida.  


domingo, 18 de março de 2018

6. Estátuas equilibradas


O alvo, Leo de Carvalho



Estátuas equilibradas
preservam a postura, apesar do cansaço.
Atrás de vitrines, sempre trincadas,
a vestimenta é rara,
o querer é nulo

[Qual movimento está perdido no olhar que tudo abarca?]

Ao virar da chave, nada mais importa.
A silhueta do outro lado guarda um mundo
por despertar.

domingo, 11 de março de 2018

5. Tenacidade

Meio vazio, Leo de Carvalho





Acordou e o breu estava por toda parte. O calor levantou o corpo da cama. Os mosquitos intimavam à vigília.
Clara estava, naquele momento, a impossibilidade. 
Tomou uma vela, buscou um canto e lá ficou até que a hélice retomasse o giro, até que o dia oferecesse uma curva onde pudesse reclinar.
[está preparado para erigir o mundo ou a sua dissolução]